FMI

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Testo Della Canzone

FMI di José Mário Branco

e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua,
larguem-me, zórpila o fígado, arreda, ‘terneio’
Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho
ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI,
eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se
foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a
mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo
se eu tornar a ir para o hospital, pronto,
bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso
seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou
na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa
para virem para aqui com esse paleio, rua,
desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a
culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa,
a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe,
oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe…

Mãe, eu quero ficar sozinho…
Mãe, não quero pensar mais…
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que
me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a
casa em vez de mim, outro maldito que não
sou senão este tempo que decorre entre
fugir de me encontrar e de me encontrar
fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que
se me perguntem? Não pode haver razão para
tanto sofrimento. E se inventássemos
o mar de volta, e se inventássemos partir,
para regressar. Partir e aí nessa viajem
ressuscitar da morte às arrecuas que me deste.
Partida para ganhar, partida de acordar,
abrir os olhos, numa ânsia colectiva de
tudo fecundar, terra, mar, mãe…
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto,
lembrar nota a nota o canto das sereias,
lembrar o depois do adeus, e o frágil e
ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar
cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição,
partir aqui com a ciência toda do passado,
partir, aqui, para ficar…

Assim mesmo, como entrevi um dia,
a chorar de alegria,
de esperança precoce e intranquila, o azul
dos operários da Lisnave a desfilar,
gritando ódio apenas ao vazio, exército
de amor e capacetes, assim mesmo na Praça
de Londres o soldado lhes falou:
Olá camaradas, somos trabalhadores,
eles não conseguiram fazer-nos esquecer,
aqui está a minha arma para vos servir.
Assim mesmo, por detrás das colinas onde
o verde está à espera se levantam antiquíssimos
rumores, as festas e os suores, os bombos
de lava-colhos, assim mesmo senti um dia,
a chorar de alegria, de esperança
precoce e intranquila, o bater inexorável
dos corações produtores, os tambores.
De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te
quero cantar, mar antigo a que regresso.
Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei.
Neste cais eu encontrei a margem do outro
lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu
a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro
histórico da minha classe, no fundo deste mar,
encontrareis tesouros recuperados, de mim que
estou a chegar do lado de lá para ir convosco.
Tesouros infindáveis que vos trago de longe
e que são vossos, o meu canto e a palavra,
o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo,
dos vossos antepassados que ainda não nasceram.
A minha arte é estar aqui convosco e
ser-vos alimento e companhia na viagem para
estar aqui de vez. Sou português, pequeno
burguês de origem, filho de professores
primários, artista de variedades, compositor
popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes.
Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto,
muito mais vivo que morto, contai com isto
de mim para cantar e para o resto.

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